sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um pouco de história - Século XVI ao XVIII EC

Dando sequência à pequena revisão histórica hoje abordo os séculos XVI, XVII e XVIII da Era Comum, que foram expressivos.

Século XVI

Na Renascença a teoria heliocêntrica, esquecida desde o século II, reaparece através do trabalho Nicolaus Copernicus (1473-1543), que estudando o movimento dos planetas conclui que o Sol era o centro do nosso sistema. Contudo o seu livro De Revolutionibus Orbium Coelestium, onde está descrita a teoria, é publicado apenas em 1543, ano de sua morte, por receio da reação da Igreja Católica à nova idéia.

O humanista alemão Petrus Apianus1 (1495 – 1552), conhecido por seus trabalhos em cartografia, matemática e astronomia, escreve em 1524 o Cosmographicus líber, respeitado trabalho sobre astronomia e navegação no qual apresenta o desenho de um dispositivo analógico para o cálculo dos horários de nascente e poente, declinações, etc. Em 1533 publica o Horoscopion Apiani, no qual trata os relógios de sol, e em 1540 publica o Astronomicum Caesareum (figura abaixo), dedicado ao rei Charles V.


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Gemma Frisius2 (1508 – 1555), matemático e cartógrafo, publica em 1530 o De Proncipuiis Astronomae et Cosmographiae no qual descreve o uso do gnômon esférico na determinação das horas iguais. Vinte anos mais tarde ele descreve pela primeira vez como um relógio preciso pode ser utilizado para determinar a longitude.

Em 1531, o cosmógrafo alemão Sebastian Munster (1488 – 1552), publica, em Basiléia, seu trabalho Compositio Horologium, onde detalha o desenho e a construção dos quadrantes solares. É o primeiro livro a abordar a gnomônica moderna onde se utiliza o gnômon paralelo a eixo terrestre e as horas iguais ao invés das temporárias, alguns séculos após o fenômeno ter sido descoberto pelos árabes. Por ser o primeiro livro a abordar a nova forma dos relógios de sol, Munster às vezes é chamado de “pai da gnomônica moderna”; contudo, quase nada em seu livro é tido como original. Ele claramente o escreveu mais como um sumário das técnicas contemporâneas do que como uma introdução de uma nova e revolucionária idéia [ref. 1, páginas 6 e 7].

O relógio de sol horizontal duplo3 é concebido, em 1624, pelo matemático inglês William Oughtred (1575 – 1660). O astrônomo alemão e jesuíta Cristóvão Clavius (1537 – 1612) tenta reunir o que se sabia sobre a gnomônica e publica, em 1581, o Gnomonomices. Em 1582, o Papa Gregório XIII, reforma o calendário que desde então é conhecido como calendário gregoriano. Este é o calendário utilizado até os dias de hoje.

Nesta época os relógios de sol puderam ser calibrados para fornecer as horas verdadeiras. Esta operação exigia conhecimentos combinados de geografia, astronomia, matemática e mecânica. Apesar de inúteis nos dias de chuva ou nublados, quando não se conseguia ver as horas, os relógios de sol não tiveram sua posição abalada com o aparecimento dos relógios mecânicos, pois estes eram máquinas pouco precisas e que requeriam freqüentes acertos, que eram feitos pela leitura do meio dia nos relógios de sol. Devido a esta necessidade de acerto dos relógios mecânicos, os de sol eram freqüentemente encontrados nas áreas públicas e posicionados em locais de boa visibilidade.

Século XVII

Nesta época os relógios de sol começaram a ser projetados em base a acurados cálculos matemáticos e a Gnomônica, a arte de construir relógios de sol, chegou a constituir um ramo da educação, que tinha uma posição de honra nos currículos escolares. Todos os livros de matemática dedicavam capítulos ao tema e muitos livros foram devotados inteiramente à gnomônica.

Galileo Galilei (1564 – 1642) em seu livro Cartas sobre as Manchas Solares, de 1613, defende a teoria heliocêntrica de Copernicus em detrimento da geocêntrica de Ptolomeu, fazendo com que fosse denunciado à Inquisição. Em março de 1616, um decreto papal inclui a obra de Galileo no Index4. Apesar de diversas tentativas de se revogar o decreto, em 1633 Galileo é julgado e condenado por haver apoiado e ensinado a doutrina de Copernicus. Neste processo teve que abjurar a sua teoria, visto que esta se opunha à doutrina católica em vigor. Sua pena foi comutada para prisão domiciliar, que se estendeu até sua morte.

Athanasius Kircher (1602 – 1680), em 1645/46, em sua obra Ars Magna Lucis et Umbrae, dedica mais de 600 páginas à Gnomônica. Neste trabalho ele descreve diferentes tipos de relógios de sol de sua criação e dedica especial atenção o aspecto artístico dos mesmos. O Horologium Solarium Civilium, do príncipe siciliano Carlo Caraffa, é publicado em 1692.

Século XVIII

Na Índia, o Marajá Sawai Jai Singh II (1686 – 1743), um apaixonado pela astronomia, manda construir observatórios com diversos instrumentos nas cidades de Delhi, Mathura, Varanassi, Ujjain e Jaipur. Em 1724 é erguido no observatório Jantar Mantar, em Jaipur, o maior relógio de sol conhecido, cujo gnômon triangular tem uma base de 44 metros e ergue-se a 27 metros de altura; cada quadrante lateral tem um raio de 15 metros. O instrumento ainda atualmente se apresenta em boas condições e mostra-se extremamente preciso, chegando a indicar frações de minuto.

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A curva em forma de “8” da analema, como conhecemos hoje, foi concebida em 1740 por Jean Paul Grandjean de Fouchy (1707 – 1788), secretário da Académie des Sciences em Paris. Essa curva fornece uma representação gráfica de equação do tempo e era usada nas linhas meridianas para permitir a leitura da hora com a devida correção.

O obelisco do Campo de Marte, em Roma, erguido no século I a.EC e que fora soterrado com o passar do tempo, é descoberto em 1748 e removido para reparos. Em 1792 o Papa Pio VI determina a sua instalação na Praça Montecitório, próximo à localização original.

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Em 1748 o astrônomo inglês James Bradley (1963 – 1762) anuncia, após 19 anos de medições, a descoberta do movimento de nutação do eixo terrestre. Dois anos depois, em 1750, ele define a posição atual do meridiano de Greenwich. Já em 1756 o astrônomo francês Joseph Jérôme Lefrançois de Lalande (1732 – 1807) projeta o mais antigo relógio de sol analemático que ainda existe. Este relógio encontra-se no pátio da igreja de Brou, em Bourg-en-Bresse (Ain), França, cidade natal de Lalande.

Os fabricantes de relógios de sol perdem gradativamente, por volta de meados do século XVIII, o mercado para os fabricantes de relógios mecânicos, que começaram a produzir dispositivos mais precisos.

No final do século, após a invenção do cronômetro pelo inglês John Harrison (1693 – 1776) por volta da metade do século, os relógios de sol, que já haviam se tornado verdadeiros instrumentos científicos de grande precisão, começam a perder a importância de até então.



Comentários:


  1. O nome de nascença de Apianus era Peter Bennewitz
  2. Também conhecido como Reiner Gemma
  3. Relógio horizontal duplo: É aquele que tem duas escalas para a leitura das horas. A primeira é uma escala padrão que é utilizada em conjunto com a parte polar do gnômon, ou seja, aquela que é paralela ao eixo terrestre. A segunda é constituída pela parte vertical do gnômon, posicionada no centro do relógio, e pela projeção das linhas da esfera celeste, que se situam entre o Equador e os Trópicos de Capricórnio e Câncer, no plano horizontal. Estas linhas representam a declinação do Sol, a eclíptica e a ascensão reta do Sol. Este tipo de relógio não era útil apenas para indicar as horas, mas também como instrumento científico que podia ser usado para calcular a altitude e o azimute do Sol, bem como indicar a posição deste na eclíptica e o seu movimento ao longo do dia e do ano. Este tipo de relógio parece não ter sido construído depois do início do século XVIII.
  4. Index Prohibitorum é a lista das obras proibidas pela igreja católica



Referências:


  1. JONES, L. E. The sundial and geometry: an introduction for the classroom. North American Sundial Society, 2005. Disponível em: <http://www.wsanford.com/~wsanford/temp/its-about-time/FS_SundialAndGeometry_v2.pdf>. Acesso em: setembro de 2006.

Um comentário:

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